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Leituras - "A Minha Breve História" - Stephen Hawking

de Stephen Hawking. 2013.


Stephen Hawking "é talvez o físico da actualidade mais conhecido". É tido como uma das mentes mais inteligentes (QI de 160, face aos usuais 90 a 110)
Neste pequeno livro, Hawking dá a conhecer um pouco da sua história. Onde nasceu e em que ambiente cresceu. Tudo isso influenciou  o seu caminho, não obstante ter sempre sido uma pessoa muito curiosa acerca de tudo, especialmente em perceber como é que tudo (o mundo e o próprio universo) começou, de onde viemos e o que estamos cá a fazer. Paradoxalmente ele usou a ciência para responder a algumas questões filosóficas e existências que sempre colocou na vida. 
Aos 21 anos é diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica, e a partir dessa data as suas capacidades físicas e motoras têm degenerado ao ponto de actualmente se encontrar tetraparaplégico. Mas a doença em nada afectou a sua mente e capacidade de raciocínio. Escreveu "Uma Breve História do Tempo", um best-seller na área da ciência para o público em geral, já adaptado ao cinema. 
Ao longo dos anos Hawking tem vindo a surpreender os médicos (que por várias vezes lhe deram tempo limitado de vida) e a comunidade em geral, por não deixar que a sua condição física o limite naquilo que pretende estudar e dar a conhecer ao mundo. Uma pessoa de facto muito persistente, resiliente e inspiradora.

Algumas ideias ou frases que gostei no livro:

"No início dos anos 60, a grande questão da cosmologia era se o universo teve um começo. Muitos cientistas opunham-se naturalmente a esta ideia e, portanto, à teoria do Big Bang, pois achavam que um ponto de criação seria um lugar onde a ciência acabaria. Seria necessário recorrer à religião e à mão de Deus para determinar o modo como o universo começou."

"... o importante é que as pessoas tenham uma compreensão básica da ciência, a fim de que possam tomar decisões informadas num mundo cada vez mais científico e tecnológico..."

"Em 1990, Kip Thorne sugeriu que poderia ser possível viajar para o passado através de buracos de vermes. Pensei que valia a pena estudar se as viagens no tempo seriam permitidas pelas leis da física.
Especular sobre este assunto é complicado por várias razões. Se a imprensa divulgasse que o governo estava a financiar a investigação sobre viagens no tempo, haveriam protestos contra o desperdício de dinheiros públicos e por outro lado a investigação teria de ser secreta por razões militares. Nos círculos da Física poucos são suficientemente temerários para trabalharem num assunto que alguns consideram pouco sério e politicamente incorrecto. Por conseguinte, disfarçamos os nossos objectivos utilizando termos técnicos, como «histórias fechadas de partículas», que constituem um código para as viagens no tempo."

"A primeira descrição do tempo foi dada em 1689 por Sir Isaac Newton, que ocupava a cátedra Lucasiana em Cambridge... que eu também ocupei (embora nessa altura não houvesse uma cadeira como a minha... movida a electricidade!"

"Na teoria de Newton, o tempo era absoluto e avançava inexoravelmente. Não havia recuos, regressos ao passado. No entanto, a situação alterou-se quando Einstein formulou a sua teoria geral da relatividade, em que o espaço-tempo era curvado e distorcido pela matéria e energia do universo. O tempo continuava a avançar localmente, mas havia agora a possibilidade do espaço-tempo poder ser de tal forma deformado que nos poderíamos mover por uma via que nos levaria a um ponto anterior àquele de onde tínhamos partido."

"Ainda que alguma teoria diferente seja descoberta no futuro, não penso que as viagens no tempo sejam algum dia possíveis. Se fossem possíveis, já teríamos sido invadidos por turistas do futuro."

"A condição de ausência de fronteiras implica que o universo seja criado espontaneamente a partir do nada."

"Tenho tido uma vida preenchida e satisfatória. Penso que as pessoas com deficiência se devem concentrar em coisas que essa deficiência não as impeça de fazer e não devem lamentar aquilo que não podem fazer."

"O meu trabalho inicial mostrou que a relatividade geral clássica não se aplicava às singularidades no Bog Bang e nos buracos negros. Mais tarde, mostrei como a teoria quântica pode prever o que acontece no principio e no fim do tempo. Tem sido uma época gloriosa para viver e fazer investigação em física quântica. Fico feliz se tiver acrescentado alguma coisa ao nosso entendimento do universo".

Comentários

José Luís disse…
Uma mente verdadeiramente brilhante. Gosto muito de astronomia e fico perplexo com as capacidades deste cientista que apesar das sua limitações físicas consegue viajar e desvendar os segredos dos universo de uma forma fantástica. É como se guardasse o universo na sua mente...
Ana Dionísio disse…
Sim... faz-nos de certa forma pensar que muitas das limitações ou obstáculos que por vezes pensamos ter não precisam de efectivamente limitar-nos naquilo que quisermos ser e fazer! É inspirador.

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